quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Brincadeira é coisa séria



                                                                                                                               Foto: Gicele
            O brincar é uma das formas mais comuns do comportamento humano. É principalmente através das brincadeiras espontâneas que as crianças internalizam seus conhecimentos de modo a se desenvolverem para novas e cada vez mais sofisticadas aprendizagens.
             Através do brincar, a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação. Ao brincar, explora e reflete sobre a realidade e a cultura na qual está inserida. O brincar potencializa o desenvolvimento, já que assim se aprende a fazer, se aprende a conviver e, sobretudo, a ser. Estimula a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia. Proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção.
            Se por um tempo negligenciou-se o papel do brincar na educação dos pequeninos, começa-se a dar valor educativo às brincadeiras enquanto essencial para o desenvolvimento infantil. O direito de brincar é reconhecido na Constituição Federal (CF/1988, art. 227) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, art. 16, IV). Elaborado a partir da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a educação infantil), admite que as brincadeiras de faz de conta devam permear cotidianamente o universo das instituições, mas isto não significa que contamos com sua plena aplicabilidade no contexto institucional da Educação Infantil.
O RCNEI aponta a necessidade de se garantir a criança na instituição educacional um ambiente adequado, sem a intervenção de nenhum fator que possa tolher seu desenvolvimento. A educação deve acompanhar o desenvolvimento infantil e não o contrário. É a criança o próprio conteúdo deste seguimento educacional.
Em seu primeiro volume, na página 63, encontramos os objetivos gerais da Educação Infantil:
-desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
- descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;
-estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;
-estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
-observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
-brincar expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;
-utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
-conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade;
O conteúdo destes objetivos não apontam para uma educação repressora ou controladora, mas sim para uma pedagogia voltada a liberdade de expressão e de exploração a fim de possibilitar a formação pessoal e social, bem como o conhecimento do mundo.
Estes objetivos nos leva a sonhar com cidadãos autônomos, que tem no trabalho uma forma de vida e não de opressão. Que contribuem à renovação cultural com suas criações expressando-se livremente. Capazes de se relacionarem com o outro e consigo mesmo de maneira respeitosa, optando por uma vida saudável no contato e na identificação com a natureza. Que têm senso de justiça. Capazes de dialogar, sendo a ética elemento integrante de seu ser como adultos.
A pergunta que devemos nos fazer enquanto pais ou profissionais frequentes no cotidiano das instituições de Educação Infantil é se têm as creches ou escolas, de modo geral, atendido as necessidades das crianças possibilitando-lhes a vivência do brincar. 
O compromisso da educação institucionalizada deve ser prioritariamente com o ser humano criança. Sabemos que esta questão é ampla e implica fatores bem mais gerais que os pedagógicos. Por outro lado, precisamos entender que pensar a problemática da educação, mesmo que recortada na importância do brincar, é pensar o mundo! Na educação das crianças está o investimento para homens e mulheres mais amorosos, conforme o parâmetro de mundo melhor que vislumbramos. Nossa reflexão e desejo influencia diretamente nesta realidade.
                                                        Susi Emerich

Um comentário:

  1. Que beleza de matéria! Parabéns, minha brilhante amiga! Bjos. Dulcimar Menezes

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