sexta-feira, 23 de agosto de 2013
segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Meu aluno não quer aprender!
Dentre tantos
desafios enfrentados pelo professor de educação pública nos tempos atuais, o de
dar aulas tem merecido maior destaque.
Uma das razões seria o esgotamento deste profissional, dadas às
injustiças sofridas por seus governantes. Injustiças estas que se traduzem, por
exemplo, nos baixos salários, na ausência de incentivo à formação continuada e a
tantos outros motivos. Outra justificativa para as dificuldades do mestre em
ensinar é a falta de motivação dos alunos do Ensino Médio que, segundo os professores, não
querem aprender!
Em
geral, tendemos a analisar os eventos de nossa realidade sem estabelecer as devidas
relações entre os fatos. No caso do desafio do professor em dar aulas para alunos
desmotivados, precisamos entender a relação deste fato com o esgotamento do
professor e sua também desmotivação. Este aluno que não quer aprender é fruto
de uma educação feita de professores não valorizados, de uma educação pública
desconsiderada por políticas cruéis e repressoras. Como esperar que alunos integrantes
deste cenário fujam a este perfil caótico?
Educação em
crise. É uma tempestade e estamos no mesmo barco! Professores e alunos com
razões de sobra para o esgotamento. Até uma síndrome, a de Burnout, já foi
estabelecida para o profissional de educação. Contudo, olhando para nosso aluno
que não tem em si o desejo de aprender, reconheçamos um prejuízo ainda maior.
Afinal, sem o desejo não há cura para nenhum mal. O mal do conformismo, da passividade,
da dependência, do descrédito...
Nosso aluno se encontra abandonado num modelo
de sociedade marcado pelo rápido, pelo pronto, pelo descartável. Nosso aluno se
encontra abandonado num modelo político assistencialista que lhe dá sem que ele
precise oferecer. Faz-se de “democrático” enquanto sonega-lhe a oportunidade do
esforço, do comprometimento, do aprendizado... requisitos à construção da
cidadania. Nossos jovens não sabem a diferença entre prazer e lazer. Foi-lhes
mostrado o prazer do ouvir, do contemplar, do ler, do descobrir, do criar? Não!
Como entenderão que precisam se esforçar, pagar um preço, tentar de novo,
persistir?
A partir do
momento que vemos o comportamento desmotivado do aluno dentro desta educação
enferma, nos comprometemos. Com que força? Com a mesma que nos possibilitou
olhar para esta situação, que nos incomoda, nos traz indignação. Não estamos
mortos, podemos ver! E por que não sonhar?
Somos
educadores, agentes contra ideológicos. Difícil tarefa. O começo é o encontro.
Precisamos ir ao encontro
deste educando e não ir de
encontro a ele. O embate nos paralisa. O afeto nos permitirá fluir. Um bom
exercício é ouvi-lo. O que ele pensa de nossas aulas? Este diálogo pode ser um
passo favorável à possibilidade tão sonhada de vivenciar uma aula de qualidade,
com interesse e entusiasmo de nosso aluno por aprender.
Como já mencionado, nosso aluno em
geral ainda não conhece o prazer do estudar. Transita muito bem pelos campos do
lazer, do brincar. E, honestamente, é também difícil para nós, já amadurecidos,
encontrar motivação para aprender algo onde não há sentido e que não ecoe em
nossos desejos. Eis o nosso desafio. “Ensinar” o nosso aluno a sonhar.
Susi Emerich
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