domingo, 11 de setembro de 2011

Educação ambiental de base

                                                                                                          Foto: Susi                     
             Nos dias atuais fala-se muito em promover a educação ambiental. Meio Ambiente é matéria escolar. Projetos pedagógicos alcançam diferentes níveis de escolaridade. Há ênfase para O Dia da árvore, Semana do Meio Ambiente, para o Ano Internacional das Florestas, mas esquece-se que educação ambiental passa a princípio por conhecer a natureza. Promover educação ambiental é fundamentalmente viabilizar o encontro da criança com o mundo natural. Neste caso, viabilizar seria o mesmo que não impedir um encontro que já é natural ao seu padrão de desenvolvimento.
            “Conhecer” é a palavra de ordem para a criança de até os seis anos de idade. Conhecer as plantas, os bicho, as pedras... Explorar a terra com todos os sentidos que lhes são disponíveis. Sentir os sons, os cheios, as texturas, temperaturas.... movida por uma intencionalidade biológica que a impulsiona. A criança não reprimida explora sem pré-julgamentos. Ela quer e precisa experimentar a natureza e o faz sem a antecipação de valores. O mundo natural é o seu objeto de conhecimento.

                                                                                                       Foto: Gicele

           Se as crianças têm a importante tarefa de tecer um conhecimento do mundo, nós adultos temos o papel de cuidá-las e protegê-las. Para que atendam a sua intencionalidade, precisam estar livres da tarefa de zelar por suas sobrevivências. Por hora, este é o trabalho dos adultos. Estes devem proporcionar aos pequenos um ambiente seguro, estimulante e servirem de suporte à fantástica aventura de conhecer o mundo.
            Aos sete anos, tendo já percorrido o caminho de exploração do mundo natural, a criança passa a um estágio mais sofisticado de seu desenvolvimento cognitivo. A palavra de ordem neste momento é “aprender”. É o estágio das operações concretas. A criança interage não só para conhecer, mas para aprender sobre o mundo. O mundo agora ganha um caráter simbólico, ainda com um gancho na realidade concreta. É o momento da apropriação da linguagem escrita, da alfabetização matemática, dentre outros conteúdos destinados à criança nos primeiros anos do ensino fundamental.
            Se por um lado a natureza é perfeita ao projetar um desenvolvimento partindo da interação com a terra em seu aspecto físico, por outro este plano pode sofrer a interferência, nada natural, de uma cultura que tende a ir de encontro à intencionalidade da criança. Muitos adultos tomados pela ansiedade acabam por impedir o movimento de expansão dos pequeninos. Esta ansiedade gera um estresse para além do nível adequado frente ao desconhecido. O excesso de “não pode” como sujar, mexer, subir e outros assume o lugar do que deveria ser a possibilidade garantida pela companhia do adulto e de seu limite ponderado. Sob este estresse as crianças não conseguem ir para a experiência de exploração. São impedidas pelo medo do novo, perdendo a liberdade indispensável às descobertas.
            Pela ordem natural, uma criança vive a experiência para posteriormente valorá-la. O que é agradável ou não, possível ou não, mais ou menos interessante... são conclusões a que a própria criança chegará após experimentar. Desta forma descobre a si mesmo reconhecendo-se um ser integrante deste ambiente. Não se deve pular etapas. O conhecimento gerado pela produção cultural deve chega após as descobertas do mundo físico. Nele estão as leis da física, da matemática e etc. Antes de aprender a geometria dos livros, uma criança precisa descobrir a geometria na relação de seu corpo com o ambiente que a cerca.
            O impedimento à exploração do ambiente natural gera uma inteligência artificial que não resulta em potencial de interação. Desse modo, o saber não frutifica em criação, em resolução de problemas, não gerando autonomia. O mundo tecnológico perde então seu status de ferramenta e assume um posto de exclusividade na vida da pessoa. Assim o homem perde sua conexão com a natureza e, por que não dizer, consigo mesmo.
            A humanidade tem avançado sua consciência no tocante a importância de termos uma rotina cada vez mais natural como padrão de saúde e qualidade de vida. Isto se repercute no âmbito educacional com o tema Meio Ambiente e Saúde nos currículos escolares. Mas não se pode efetivar esta educação sem garantir às crianças condições de um encontro livre com a natureza para observar as plantas, ouvir os pássaros, andar com os pés descalçados, brincar com a água, o barro, subir em árvores, deitar na grama, comer fruta, sentir o perfume das flores, da terra molhada... Isto é educação ambiental! A essas crianças não será preciso ensinar o valor da preservação, pois elas já o saberão.
                           
                                                                                                    Susi Emerich
                          

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