domingo, 13 de novembro de 2011

12 de novembro: dia do Psicopedagogo


                                                                         

     "Qual o lugar do psicopedagogo? Qual o alcance desta profissão? Quais as possibilidades deste profissional?"
      Perguntas como estas, pertinentes a esta data e a este tempo de mudança de paradigmas no campo da educação e da sociedade como um todo, nos leva a refletir e a configurar uma psicopedagogia que  ocupe um lugar de fundamental importância nestes dias de crise que vivemos. Dias de superação de um conceito fragmentado de homem, que começa a deixar para trás uma visão mecanicista de realidade. Para este tempo, pensemos em um psicopedagogo não limitado à habilidades e técnicas,  pois nesse tempo, dificuldades de aprendizagem, por exemplo, deixam de ser apenas consequência de problemas pontuais, passando a  ser contextualizados no universo integral do sujeito aprendente.
      A Psicopedagogia é transdisciplinar. Isto quer dizer que ela não se limita a junção de enfoques da Psicologia, Pedagogia, Linguística ou qualquer outra ciência. Esta área de conhecimento se caracteriza por seu caráter global e dialético. Na realidade, a Psicopedagogia é um campo do conhecimento que se propõe a integrar, de modo coerente, conhecimentos e princípios de diferentes Ciências Humanas com a meta de adquirir uma ampla compreensão sobre os variados processos inerentes ao aprender humano. Integrar para fazer emergir um novo olhar,  de alcançe a uma leitura compatível à complexidade do processo de construção de conhecimento pelo homem
     É uma área relativamente nova no sentido do tempo de seu surgimento, mas principalmente nova por conta de seu caráter inovador. É novo investigar um problema de aprendizagem partindo da história de vida do sujeito. Para Psicopedagogia o trabalho pode considera-se "concluído" quando o sujeito estiver pensando livremente, usando o potencial da inteligência para desenvolver sua autonomia. Este objetivo é novo, pelo perfil de um homem criativo e livre a que ele nos remete. Um novo tempo, um novo mundo...
          
                                       Símbolo da Psicopedagogia
       
        
     A Diretoria Executiva da ABPp mobilizou-se para que fosse criado e adotado um símbolo que representasse a atividade profissional do Psicopedagogo e traduzisse toda a grandeza da Psicopedagogia. Criado a partir da imagem da Fita de Möbius, o símbolo acima  representa o olhar do Psicopedagogo. As voltas estão dispostas de forma a representar a aprendizagem do indivíduo. O círculo central representa o indivíduo em processo para a aquisição de conhecimento e as mudanças perceptíveis (círculo vermelho). O desenho nos remete a ideia de movimento. Aprende é movimento, como o é o próprio viver. Este movimento no processo de construção de conhecimento não é linear, com começo meio e fim, mas expande-se em aspiral demonstrando-se cada vez mais complexo, cumulativo e infinito de possibilidades.
     O trabalho do psicopedagogo não é apenas técnico, mas carregado de subjetividade. Parte de uma mediação que demanda afeto. O lugar do psicopedagogo é o lugar do humano. O alcance da seu fazer profissional terá o limite de sua ética e formação que deve ser permanente. Ser psicopedagogo é mergulhar no mundo do encontro. Nesse sentido, o seu alcance é o alcance do seu amor.
         Como já pontuado, o momento da educação institucionalizada é de crise. O modelo carteziano de abordagem do processo de ensino-aprendizagem não mais dá conta de um educando que tem sede de ser e precisa ser construído para um mundo diferente. As famílias também precisam aprender a lhe dar com estas novas crianças. Eis o desafio da educação! Este é o lugar do psicopedagogo, lugar do acolhimento, da mediação afetiva, do suporte a um aprender que estrapole a sala de aula e que seja vivo.

                                                                                  Susi Emerich
      

domingo, 30 de outubro de 2011

A afetividade na ótica psicopedagógica



A Psicopedagogia se ocupa de um sujeito que aprende, assim como a Psicanálise se ocupa de um sujeito que deseja e a epistemologia genética de um sujeito que conhece. Portanto, é a inter-relação entre o sujeito desejante e o sujeito cognocente que dá origem ao sujeito da Psicopedagogia: o sujeito aprendente.
Referindo-se à Psicopedagogia, Alícia Fernandez diz que “o ponto moral de sua abordagem não se detém à inteligência, mas à articulação entre o organismo, o corpo, a inteligência e o desejo, numa relação com um e outro, que constitui o terreno onde o ensino-aprendizagem acontece.” (FERNANDEZ, 1992, p. 97)
            A autonomia do pensamento possível e necessária para que uma pessoa tenha contato com a faculdade humana mais apreciada, que é a liberdade, constitui o objeto da Psicopedagogia.
            Sendo a Psicopedagogia reconhecida por seu caráter transdisciplinar no sentido de ver o sujeito aprendente para além de suas faces, construído dialeticamente, tornando-se um sujeito global e único, reconhece na afetividade uma composição básica deste ser que é inteiro, carregado de subjetividade.
            A ação psicopedagógica caracteriza-se por olhar, de vários lugares, a relação do homem com o conhecimento, a partir de um eixo comum: a perspectiva integradora.  Vencendo a preconceituosa barreira entre realidade interna e realidade externa, abre canais de comunicação e possibilita uma verdadeira travessia entre consciente/inconsciente, real/imaginário, objetivo/subjetivo, ensinante/aprendente.
            Com o termo ensinante/aprendente a Psicopedagogia designa uma nova visão da relação entre educadores e educandos, onde os espaços e tempos do aprender estão para além das escolas e são percebidos na complexidade e na totalidade da vida de cada um de nós, sujeitos inseridos na dinâmica relacional do conviver com os outros. Este olhar sobre as relações existentes nos atos humanos de ensinar e aprender, presentes no processo de aquisição do conhecimento, nos mostra a flexibilidade no exercício de cada um desses papéis.
O sujeito aprendente e o sujeito ensinante coexistem em cada um de nós. Para que ocorra o ensino e a aprendizagem, é preciso que nos conectemos com ambos posicionamentos, que são subjetivos.
            A aprendizagem ocorre na relação entre a objetividade (a realidade, o conhecimento, a lógica, o espaço, o tempo, o intelecto) e a subjetividade (o simbólico, o desejo, as representações, os afetos). Nos processos de ensino/aprendizagem, o simbólico se transmite ao mesmo tempo em que o conhecimento dito "científico", ou seja, a transmissão do conhecimento é também a transmissão de nossas formas de ser e de crer. É importante assinalar que os processos de ensino/aprendizagem são indissociáveis porque internalizamos modelos de aprender em reciprocidade aos modelos de ensino com os quais interagimos durante a vida nos grupos aos quais pertencemos.
 Com a aprendizagem, o indivíduo se integra ao mundo cultural ativamente se apropriando de conhecimentos e técnicas, construindo em sua interioridade um universo de representações simbólicas. A aprendizagem eleva o sujeito para além de seus “limites” dando um movimento contínuo em seu processo evolutivo, próprio aos seres humanos.
            As teorias de desenvolvimento infantil mais validadas apontam para a relação intrínseca entre afetividade e cognição. Aprendizagem pressupõe afeto. Afeto viabiliza o desenvolvimento intelectual. Deste modo, podemos afirmar que a afetividade é para a Psicopedagogia de fundamental importância.  Sua atenção está voltada para a mediação dos afetos nos processos de aprendizagem, enfatizando as relações interpessoais estabelecidas entre docentes e discentes, pais e filhos, indivíduos e indivíduos, em diferentes situações.
  A Psicopedagogia deve entender a estreita ligação entre pares que compartilham uma construção recíproca, na qual as relações vinculares trazem implicações para o êxito das aprendizagens.       Ela nos convida a pensar na qualidade dos vínculos que se estabelecem no seio da instituição Família e que constituem a estrutura familiar. É no interior da família, dos vínculos estabelecidos entre seus membros, que o sujeito vai construindo sua modalidade de aprendizagem. A partir deste modelo inicial se relaciona. 
Há famílias para as quais questionar, duvidar,  perguntar podem ser atitudes que se chocam com o mandato familiar de suprimir ou neutralizar a diferença, dificultando, dessa forma, o processo de construção de conhecimento e de individuação.
A família, como a matriz da identidade onde se estabelecem as primeiras relações, deve ser estudada e compreendida por aqueles que se dispõem a conhecer como se configura o processo de autoria do pensamento, a partir da circulação do conhecimento na própria dinâmica familiar. Importa, portanto, ao psicopedagogo, a compreensão dos elementos constitutivos da família, observados e estudados sob a ótica da Psicopedagogia, buscando uma leitura e análise que possibilitem a reflexão sobre os aspectos fundamentais dos modelos de interação familiar.  Importa, ainda, a construção de conhecimentos específicos sobre o modelo de comunicação, sobre a diversidade de regras, de padrões e sobre as dimensões hierárquicas nas relações familiares.
.           A investigação dos problemas de aprendizagem e suas causas parte da história de vida do sujeito e não se detém a um recorte do cérebro e suas funções. O afeto transversaliza esta história, interferindo em todo processo de desenvolvimento do sujeito.
Segundo Pain (1996), há interferência da afetividade nos movimentos de assimilação e acomodação propostos por Piaget.  .Os problemas de aprendizagem se ligam a perturbações que ocorrem determinando uma inibição no processo de passagem do momento de assimilação para o de acomodação, ou do predomínio de um sobre outro, não ocorrendo a equilibração.  Desse modo, impede a possibilidade da ocorrência da aprendizagem.  A causa dessa inibição está normalmente ligada ao tipo de relações vinculares estabelecidas entre a criança, sua mãe e seu contexto familiar.
 Pain nos mostra que a inibição precoce de atividades assimilativo-acomodativas dá lugar à modalidade nos processos representativos, cujos extremos podemos caracterizar como hipoassimilação (esquemas de objetos empobrecidos, incapacidade de coordená-los, déficit lúdico,disfunção do papel antecipatório da imaginação criadora);  hiperassimilação (internalização prematura dos esquemas e predomínio lúdico);  hipoacomodação (ritmo da criança desrespeitado, imitação impedida); hiperacomodação (superestimulação da imitação).
A partir do dito por Pain, pode-se compreender a importância do estudo e da análise da influência dos aspectos afetivos do sujeito na constituição de seus esquemas e na representação desses esquemas diante da resolução de problemas.
Para a Psicopedagogia, toda dificuldade de aprendizagem tem a princípio uma motivação de ordem afetiva. Todo fazer psicopedagógico também compreende o aspecto afetivo por excelência, pois não há intervenção psicopedagógica de qualidade sem encontro, sem vínculo.
A afetividade se refere às vivências dos indivíduos e às formas de expressão mais complexas e essencialmente humanas. Entende-se que o homem pensa e sente simultaneamente e isto tem inúmeras implicações nas práticas educacionais, bem como no fazer psicopedagógico.
                                                                                       
                                                                                           Susi Emerich

  

sábado, 15 de outubro de 2011

15 de outubro, homenagem ao professor: EDUCADOR


                                                                                                                                                      Foto: Gicele
                                    
Educa!
Vai junto,
Vive,
Convive,
Influencia,
Mistura-se ao outro...

Educa!
Muda,
Constrói,
Vence!
Convence!
Transforma com vontade
De fazer a diferença.

Mais que vontade,
A boa vontade.
Para estes,
A recompensa divina:
Paz!

Educa!
Com boa vontade
De homem de verdade.
Que sente,
Que luta,
Que é livre!

Educa!
Trabalha!
Chora,
Ri,
Arrepia,
Contagia,
Vibra,
Brilha!

Educa!
Com entusiasmo,
Desejo,
Fé:
No amanhã,
No homem,
Na mulher,
Na vida,
Num mundo melhor!

                                            Susi Emerich

domingo, 18 de setembro de 2011

ÁRVORE E CRIANÇA: UMA RELAÇÃO DE AMOR




                                                                                                              Foto: Susi

        Dia 21 de setembro comemora-se o Dia da Árvore. 
     São inúmeros os benefícios de uma árvore. Sua importância, inclusive, deve-se ao fato de seu valor estar ligado à conservação da própria vida, ao ar que respiramos. Daí a necessidade de mantermos as florestas. Dentre tantos benefícios, não podemos deixar de atribuir às árvores o de proteção dos solos; de retirada de poluentes do ar; de influência no clima; de diminuição de ruídos externos; de embelezamento das cidades e muitos outros.
        Um capítulo à parte nesta celebração ao dia da árvore é a reverência das crianças revelada no encantamento por este elemento que tem a cara da infância. Quem nunca se encantou com a imagem de uma casinha na árvore?
         Árvore e criança, uma relação de amor. Nossos pais e avós, em maior proporção, puderam estreitar esta tão lúdica relação. Hoje dada às exigências do estilo de vida urbano, nossas crianças pouco têm se apropriado deste conteúdo que demanda todos os sentidos para sua construção. Diante de um aparelho de televisão uma criança só utiliza dois sentidos: visão e audição. Como elaborar o conceito mental "árvore" de maneira bidimensional? A criança precisa experimentar a textura, as dimensões, o cheiro de uma árvore... o som de suas folhas ao vento, o visual de suas flores, o sabor de sua fruta no pé!


                                                                                                            Foto: Gicele


       Em meu trabalho como psicopedagoga, mais especificamente nas Oficinas de Criação, tenho testemunhado o quanto uma paisagem arborizada favorece ao desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. Lembro-me com orgulho do que a mãe de um cliente me relatou enquanto compartilhava as impressões de seu filho ao conhecer sua nova escola: "Tem uma amendoeira aqui!"
       Nesta aventura de se construir enquanto ser, a criança tem a oportunidade de descobrir as possibilidades e limites de seu corpo enquanto experimenta subir em uma árvore. A partir desta aprendizagem desenvolve sua auto-estima, potencializando ainda mais novas descobertas. Aprende a lhe dar com o medo de cair. Desenvolve senso de segurança e equilíbrio. Do alto de uma árvore conhece novos ângulos de seu ambiente. Aprende sobre os pássaros, insetos e etc. A sombra, o ar puro, bem como o lindo visual de um quintal com árvores proporcionam a criança um ambiente suave. O bem estar, fruto do contato com a natureza, recarrega energias necessárias aos desafios do crescimento de ordem mental, emocional e orgânico.
       Uma árvore inspira poetas e artistas plásticos. Que também inspire a nós pais, educadores e tantos quais convivam com a criança, a possibilitar de forma também poética, o encontro desta com este maravilhoso ser. A natureza agradece, a vida agradece.
                                                 
                                                                  Susi Emerich
                                                                   

domingo, 11 de setembro de 2011

Educação ambiental de base

                                                                                                          Foto: Susi                     
             Nos dias atuais fala-se muito em promover a educação ambiental. Meio Ambiente é matéria escolar. Projetos pedagógicos alcançam diferentes níveis de escolaridade. Há ênfase para O Dia da árvore, Semana do Meio Ambiente, para o Ano Internacional das Florestas, mas esquece-se que educação ambiental passa a princípio por conhecer a natureza. Promover educação ambiental é fundamentalmente viabilizar o encontro da criança com o mundo natural. Neste caso, viabilizar seria o mesmo que não impedir um encontro que já é natural ao seu padrão de desenvolvimento.
            “Conhecer” é a palavra de ordem para a criança de até os seis anos de idade. Conhecer as plantas, os bicho, as pedras... Explorar a terra com todos os sentidos que lhes são disponíveis. Sentir os sons, os cheios, as texturas, temperaturas.... movida por uma intencionalidade biológica que a impulsiona. A criança não reprimida explora sem pré-julgamentos. Ela quer e precisa experimentar a natureza e o faz sem a antecipação de valores. O mundo natural é o seu objeto de conhecimento.

                                                                                                       Foto: Gicele

           Se as crianças têm a importante tarefa de tecer um conhecimento do mundo, nós adultos temos o papel de cuidá-las e protegê-las. Para que atendam a sua intencionalidade, precisam estar livres da tarefa de zelar por suas sobrevivências. Por hora, este é o trabalho dos adultos. Estes devem proporcionar aos pequenos um ambiente seguro, estimulante e servirem de suporte à fantástica aventura de conhecer o mundo.
            Aos sete anos, tendo já percorrido o caminho de exploração do mundo natural, a criança passa a um estágio mais sofisticado de seu desenvolvimento cognitivo. A palavra de ordem neste momento é “aprender”. É o estágio das operações concretas. A criança interage não só para conhecer, mas para aprender sobre o mundo. O mundo agora ganha um caráter simbólico, ainda com um gancho na realidade concreta. É o momento da apropriação da linguagem escrita, da alfabetização matemática, dentre outros conteúdos destinados à criança nos primeiros anos do ensino fundamental.
            Se por um lado a natureza é perfeita ao projetar um desenvolvimento partindo da interação com a terra em seu aspecto físico, por outro este plano pode sofrer a interferência, nada natural, de uma cultura que tende a ir de encontro à intencionalidade da criança. Muitos adultos tomados pela ansiedade acabam por impedir o movimento de expansão dos pequeninos. Esta ansiedade gera um estresse para além do nível adequado frente ao desconhecido. O excesso de “não pode” como sujar, mexer, subir e outros assume o lugar do que deveria ser a possibilidade garantida pela companhia do adulto e de seu limite ponderado. Sob este estresse as crianças não conseguem ir para a experiência de exploração. São impedidas pelo medo do novo, perdendo a liberdade indispensável às descobertas.
            Pela ordem natural, uma criança vive a experiência para posteriormente valorá-la. O que é agradável ou não, possível ou não, mais ou menos interessante... são conclusões a que a própria criança chegará após experimentar. Desta forma descobre a si mesmo reconhecendo-se um ser integrante deste ambiente. Não se deve pular etapas. O conhecimento gerado pela produção cultural deve chega após as descobertas do mundo físico. Nele estão as leis da física, da matemática e etc. Antes de aprender a geometria dos livros, uma criança precisa descobrir a geometria na relação de seu corpo com o ambiente que a cerca.
            O impedimento à exploração do ambiente natural gera uma inteligência artificial que não resulta em potencial de interação. Desse modo, o saber não frutifica em criação, em resolução de problemas, não gerando autonomia. O mundo tecnológico perde então seu status de ferramenta e assume um posto de exclusividade na vida da pessoa. Assim o homem perde sua conexão com a natureza e, por que não dizer, consigo mesmo.
            A humanidade tem avançado sua consciência no tocante a importância de termos uma rotina cada vez mais natural como padrão de saúde e qualidade de vida. Isto se repercute no âmbito educacional com o tema Meio Ambiente e Saúde nos currículos escolares. Mas não se pode efetivar esta educação sem garantir às crianças condições de um encontro livre com a natureza para observar as plantas, ouvir os pássaros, andar com os pés descalçados, brincar com a água, o barro, subir em árvores, deitar na grama, comer fruta, sentir o perfume das flores, da terra molhada... Isto é educação ambiental! A essas crianças não será preciso ensinar o valor da preservação, pois elas já o saberão.
                           
                                                                                                    Susi Emerich
                          

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Brincadeira é coisa séria



                                                                                                                               Foto: Gicele
            O brincar é uma das formas mais comuns do comportamento humano. É principalmente através das brincadeiras espontâneas que as crianças internalizam seus conhecimentos de modo a se desenvolverem para novas e cada vez mais sofisticadas aprendizagens.
             Através do brincar, a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação. Ao brincar, explora e reflete sobre a realidade e a cultura na qual está inserida. O brincar potencializa o desenvolvimento, já que assim se aprende a fazer, se aprende a conviver e, sobretudo, a ser. Estimula a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia. Proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção.
            Se por um tempo negligenciou-se o papel do brincar na educação dos pequeninos, começa-se a dar valor educativo às brincadeiras enquanto essencial para o desenvolvimento infantil. O direito de brincar é reconhecido na Constituição Federal (CF/1988, art. 227) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, art. 16, IV). Elaborado a partir da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a educação infantil), admite que as brincadeiras de faz de conta devam permear cotidianamente o universo das instituições, mas isto não significa que contamos com sua plena aplicabilidade no contexto institucional da Educação Infantil.
O RCNEI aponta a necessidade de se garantir a criança na instituição educacional um ambiente adequado, sem a intervenção de nenhum fator que possa tolher seu desenvolvimento. A educação deve acompanhar o desenvolvimento infantil e não o contrário. É a criança o próprio conteúdo deste seguimento educacional.
Em seu primeiro volume, na página 63, encontramos os objetivos gerais da Educação Infantil:
-desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
- descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;
-estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;
-estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
-observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
-brincar expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;
-utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
-conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade;
O conteúdo destes objetivos não apontam para uma educação repressora ou controladora, mas sim para uma pedagogia voltada a liberdade de expressão e de exploração a fim de possibilitar a formação pessoal e social, bem como o conhecimento do mundo.
Estes objetivos nos leva a sonhar com cidadãos autônomos, que tem no trabalho uma forma de vida e não de opressão. Que contribuem à renovação cultural com suas criações expressando-se livremente. Capazes de se relacionarem com o outro e consigo mesmo de maneira respeitosa, optando por uma vida saudável no contato e na identificação com a natureza. Que têm senso de justiça. Capazes de dialogar, sendo a ética elemento integrante de seu ser como adultos.
A pergunta que devemos nos fazer enquanto pais ou profissionais frequentes no cotidiano das instituições de Educação Infantil é se têm as creches ou escolas, de modo geral, atendido as necessidades das crianças possibilitando-lhes a vivência do brincar. 
O compromisso da educação institucionalizada deve ser prioritariamente com o ser humano criança. Sabemos que esta questão é ampla e implica fatores bem mais gerais que os pedagógicos. Por outro lado, precisamos entender que pensar a problemática da educação, mesmo que recortada na importância do brincar, é pensar o mundo! Na educação das crianças está o investimento para homens e mulheres mais amorosos, conforme o parâmetro de mundo melhor que vislumbramos. Nossa reflexão e desejo influencia diretamente nesta realidade.
                                                        Susi Emerich

sábado, 3 de setembro de 2011

10 Direitos Naturais da Criança



                                                                  
1. Direito ao ócio:
Toda criança tem o direito de viver momentos de tempo não programado pelos adultos

2. Direito a sujar-se: Toda criança tem o direito de brincar com a terra, a areia, a água, a lama, as pedras.
3. Direito aos sentidos:
Toda criança tem o direito de sentir os gostos e os perfumes oferecidos pela natureza.
4. Direito ao diálogo:
Toda criança tem o direito de falar sem ser interrompida, de ser levada a sério nas suas idéias, de ter explicações para suas dúvidas e de escutar uma fala mansa, sem gritos.
5. Direito ao uso das mãos:
Toda criança tem o direito de pregar pregos, de cortar e raspar madeira, de lixar, colar, modelar o barro, amarrar barbantes e cordas, de acender o fogo.
6. Direito a um bom início:
Toda criança tem o direito de comer alimentos sãos desde o nascimento, de beber água limpa e respirar ar puro.
7. Direito à rua:
Toda criança tem o direito de brincar na rua e na praça e de andar livremente pelos caminhos, sem medo de ser atropelada por motoristas que pensam que as vias lhes pertencem.
8. Direito à natureza selvagem:
Toda criança tem o direito de construir uma cabana nos bosques, de ter um arbusto onde se esconder e árvores nas quais subir.
9. Direito ao silêncio:
 Toda criança tem o direito de escutar o rumor do vento, o canto dos pássaros, o murmúrio das águas.

10. Direito à poesia:
 Toda criança tem o direito de ver o sol nascer e se pôr e de ver as estrelas e a lua.
                                                                                                                                                                          Fonte:http://www.aliancapelainfancia.org.br/direitos_crianca.asp

Oficina de Criação do CIAH

           



                                                                             

O QUÊ?

 Vivência psicopedagógica com crianças e orientação a pais.


COMO?
     Grupos divididos por idade. Atividades lúdicas de arte e educação ambiental desenvolvidas a partir da livre expressão do brincar e do encontro com a natureza.




PRA QUÊ?
    Estimular o desenvolvimento integral da criança e prevenir dificuldades de aprendizagem de ordem social, cognitiva, emocional e motora.




    
POR QUÊ?
    Toda criança precisa estar num ambiente que lhe dê o suporte afetivo necessário à exploração, em especial da natureza; à livre expressão; à possibilidade de interação com outras crianças, tendo respeitadas as suas limitações e características de ser ainda em desenvolvimento.


ONDE?

     CIAH- Centro Integrado de Atendimento Humano (Rua Professor José Leandro,89 Centro - Magé/ TEL 3630-1720)
QUANDO?

     Encontros de duas horas, três vezes por semana.






  
     Desde a sua criação em março de 2000, idealizado pela psicóloga do CIAH Dulcimar Menezes, o projeto Oficina de Criação mantém seu compromisso em fazer deste trabalho um espaço de promoção da saúde integral da criança, tendo no afeto, o elemento regulador das ações.
      Hoje, enquanto monitora deste trabalho, usufruo de uma experiência acumulada pelo CIAH e colho os frutos de uma vivência que proporciona o aprendizado de todos os envolvidos.
     Palavras  como "encontro",  "possibilidade" e "liberdade" contextualizam a mais específica delas que é "brincar". Este trabalho representa esta garantia, este direito da criança, sem o qual não há desenvolvimento saudável. 
                    
                                                                                             

 Susi Motta Valadão Emerich (Pedagoga - Psicopedagoga Clínica)