domingo, 18 de setembro de 2011

ÁRVORE E CRIANÇA: UMA RELAÇÃO DE AMOR




                                                                                                              Foto: Susi

        Dia 21 de setembro comemora-se o Dia da Árvore. 
     São inúmeros os benefícios de uma árvore. Sua importância, inclusive, deve-se ao fato de seu valor estar ligado à conservação da própria vida, ao ar que respiramos. Daí a necessidade de mantermos as florestas. Dentre tantos benefícios, não podemos deixar de atribuir às árvores o de proteção dos solos; de retirada de poluentes do ar; de influência no clima; de diminuição de ruídos externos; de embelezamento das cidades e muitos outros.
        Um capítulo à parte nesta celebração ao dia da árvore é a reverência das crianças revelada no encantamento por este elemento que tem a cara da infância. Quem nunca se encantou com a imagem de uma casinha na árvore?
         Árvore e criança, uma relação de amor. Nossos pais e avós, em maior proporção, puderam estreitar esta tão lúdica relação. Hoje dada às exigências do estilo de vida urbano, nossas crianças pouco têm se apropriado deste conteúdo que demanda todos os sentidos para sua construção. Diante de um aparelho de televisão uma criança só utiliza dois sentidos: visão e audição. Como elaborar o conceito mental "árvore" de maneira bidimensional? A criança precisa experimentar a textura, as dimensões, o cheiro de uma árvore... o som de suas folhas ao vento, o visual de suas flores, o sabor de sua fruta no pé!


                                                                                                            Foto: Gicele


       Em meu trabalho como psicopedagoga, mais especificamente nas Oficinas de Criação, tenho testemunhado o quanto uma paisagem arborizada favorece ao desenvolvimento e a aprendizagem das crianças. Lembro-me com orgulho do que a mãe de um cliente me relatou enquanto compartilhava as impressões de seu filho ao conhecer sua nova escola: "Tem uma amendoeira aqui!"
       Nesta aventura de se construir enquanto ser, a criança tem a oportunidade de descobrir as possibilidades e limites de seu corpo enquanto experimenta subir em uma árvore. A partir desta aprendizagem desenvolve sua auto-estima, potencializando ainda mais novas descobertas. Aprende a lhe dar com o medo de cair. Desenvolve senso de segurança e equilíbrio. Do alto de uma árvore conhece novos ângulos de seu ambiente. Aprende sobre os pássaros, insetos e etc. A sombra, o ar puro, bem como o lindo visual de um quintal com árvores proporcionam a criança um ambiente suave. O bem estar, fruto do contato com a natureza, recarrega energias necessárias aos desafios do crescimento de ordem mental, emocional e orgânico.
       Uma árvore inspira poetas e artistas plásticos. Que também inspire a nós pais, educadores e tantos quais convivam com a criança, a possibilitar de forma também poética, o encontro desta com este maravilhoso ser. A natureza agradece, a vida agradece.
                                                 
                                                                  Susi Emerich
                                                                   

domingo, 11 de setembro de 2011

Educação ambiental de base

                                                                                                          Foto: Susi                     
             Nos dias atuais fala-se muito em promover a educação ambiental. Meio Ambiente é matéria escolar. Projetos pedagógicos alcançam diferentes níveis de escolaridade. Há ênfase para O Dia da árvore, Semana do Meio Ambiente, para o Ano Internacional das Florestas, mas esquece-se que educação ambiental passa a princípio por conhecer a natureza. Promover educação ambiental é fundamentalmente viabilizar o encontro da criança com o mundo natural. Neste caso, viabilizar seria o mesmo que não impedir um encontro que já é natural ao seu padrão de desenvolvimento.
            “Conhecer” é a palavra de ordem para a criança de até os seis anos de idade. Conhecer as plantas, os bicho, as pedras... Explorar a terra com todos os sentidos que lhes são disponíveis. Sentir os sons, os cheios, as texturas, temperaturas.... movida por uma intencionalidade biológica que a impulsiona. A criança não reprimida explora sem pré-julgamentos. Ela quer e precisa experimentar a natureza e o faz sem a antecipação de valores. O mundo natural é o seu objeto de conhecimento.

                                                                                                       Foto: Gicele

           Se as crianças têm a importante tarefa de tecer um conhecimento do mundo, nós adultos temos o papel de cuidá-las e protegê-las. Para que atendam a sua intencionalidade, precisam estar livres da tarefa de zelar por suas sobrevivências. Por hora, este é o trabalho dos adultos. Estes devem proporcionar aos pequenos um ambiente seguro, estimulante e servirem de suporte à fantástica aventura de conhecer o mundo.
            Aos sete anos, tendo já percorrido o caminho de exploração do mundo natural, a criança passa a um estágio mais sofisticado de seu desenvolvimento cognitivo. A palavra de ordem neste momento é “aprender”. É o estágio das operações concretas. A criança interage não só para conhecer, mas para aprender sobre o mundo. O mundo agora ganha um caráter simbólico, ainda com um gancho na realidade concreta. É o momento da apropriação da linguagem escrita, da alfabetização matemática, dentre outros conteúdos destinados à criança nos primeiros anos do ensino fundamental.
            Se por um lado a natureza é perfeita ao projetar um desenvolvimento partindo da interação com a terra em seu aspecto físico, por outro este plano pode sofrer a interferência, nada natural, de uma cultura que tende a ir de encontro à intencionalidade da criança. Muitos adultos tomados pela ansiedade acabam por impedir o movimento de expansão dos pequeninos. Esta ansiedade gera um estresse para além do nível adequado frente ao desconhecido. O excesso de “não pode” como sujar, mexer, subir e outros assume o lugar do que deveria ser a possibilidade garantida pela companhia do adulto e de seu limite ponderado. Sob este estresse as crianças não conseguem ir para a experiência de exploração. São impedidas pelo medo do novo, perdendo a liberdade indispensável às descobertas.
            Pela ordem natural, uma criança vive a experiência para posteriormente valorá-la. O que é agradável ou não, possível ou não, mais ou menos interessante... são conclusões a que a própria criança chegará após experimentar. Desta forma descobre a si mesmo reconhecendo-se um ser integrante deste ambiente. Não se deve pular etapas. O conhecimento gerado pela produção cultural deve chega após as descobertas do mundo físico. Nele estão as leis da física, da matemática e etc. Antes de aprender a geometria dos livros, uma criança precisa descobrir a geometria na relação de seu corpo com o ambiente que a cerca.
            O impedimento à exploração do ambiente natural gera uma inteligência artificial que não resulta em potencial de interação. Desse modo, o saber não frutifica em criação, em resolução de problemas, não gerando autonomia. O mundo tecnológico perde então seu status de ferramenta e assume um posto de exclusividade na vida da pessoa. Assim o homem perde sua conexão com a natureza e, por que não dizer, consigo mesmo.
            A humanidade tem avançado sua consciência no tocante a importância de termos uma rotina cada vez mais natural como padrão de saúde e qualidade de vida. Isto se repercute no âmbito educacional com o tema Meio Ambiente e Saúde nos currículos escolares. Mas não se pode efetivar esta educação sem garantir às crianças condições de um encontro livre com a natureza para observar as plantas, ouvir os pássaros, andar com os pés descalçados, brincar com a água, o barro, subir em árvores, deitar na grama, comer fruta, sentir o perfume das flores, da terra molhada... Isto é educação ambiental! A essas crianças não será preciso ensinar o valor da preservação, pois elas já o saberão.
                           
                                                                                                    Susi Emerich
                          

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Brincadeira é coisa séria



                                                                                                                               Foto: Gicele
            O brincar é uma das formas mais comuns do comportamento humano. É principalmente através das brincadeiras espontâneas que as crianças internalizam seus conhecimentos de modo a se desenvolverem para novas e cada vez mais sofisticadas aprendizagens.
             Através do brincar, a criança pode desenvolver capacidades importantes como a atenção, a memória, a imitação, a imaginação. Ao brincar, explora e reflete sobre a realidade e a cultura na qual está inserida. O brincar potencializa o desenvolvimento, já que assim se aprende a fazer, se aprende a conviver e, sobretudo, a ser. Estimula a curiosidade, a autoconfiança e a autonomia. Proporciona o desenvolvimento da linguagem, do pensamento, da concentração e da atenção.
            Se por um tempo negligenciou-se o papel do brincar na educação dos pequeninos, começa-se a dar valor educativo às brincadeiras enquanto essencial para o desenvolvimento infantil. O direito de brincar é reconhecido na Constituição Federal (CF/1988, art. 227) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA, art. 16, IV). Elaborado a partir da Lei de Diretrizes e Bases 9394/96, o RCNEI (Referencial Curricular Nacional para a educação infantil), admite que as brincadeiras de faz de conta devam permear cotidianamente o universo das instituições, mas isto não significa que contamos com sua plena aplicabilidade no contexto institucional da Educação Infantil.
O RCNEI aponta a necessidade de se garantir a criança na instituição educacional um ambiente adequado, sem a intervenção de nenhum fator que possa tolher seu desenvolvimento. A educação deve acompanhar o desenvolvimento infantil e não o contrário. É a criança o próprio conteúdo deste seguimento educacional.
Em seu primeiro volume, na página 63, encontramos os objetivos gerais da Educação Infantil:
-desenvolver uma imagem positiva de si, atuando de forma cada vez mais independente, com confiança em suas capacidades e percepção de suas limitações;
- descobrir e conhecer progressivamente seu próprio corpo, suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo e valorizando hábitos de cuidado com a própria saúde e bem-estar;
-estabelecer vínculos afetivos e de troca com adultos e crianças, fortalecendo sua auto-estima e ampliando gradativamente suas possibilidades de comunicação e interação social;
-estabelecer e ampliar cada vez mais as relações sociais, aprendendo aos poucos a articular seus interesses e pontos de vista com os demais, respeitando a diversidade e desenvolvendo atitudes de ajuda e colaboração;
-observar e explorar o ambiente com atitude de curiosidade, percebendo-se cada vez mais como integrante, dependente e agente transformador do meio ambiente e valorizando atitudes que contribuam para sua conservação;
-brincar expressando emoções, sentimentos, pensamentos, desejos e necessidades;
-utilizar as diferentes linguagens (corporal, musical, plástica, oral e escrita) ajustadas às diferentes intenções e situações de comunicação, de forma a compreender e ser compreendido, expressar suas ideias, sentimentos necessidades e desejos e avançar no seu processo de construção de significados, enriquecendo cada vez mais sua capacidade expressiva;
-conhecer algumas manifestações culturais, demonstrando atitudes de interesse, respeito e participação frente a elas e valorizando a diversidade;
O conteúdo destes objetivos não apontam para uma educação repressora ou controladora, mas sim para uma pedagogia voltada a liberdade de expressão e de exploração a fim de possibilitar a formação pessoal e social, bem como o conhecimento do mundo.
Estes objetivos nos leva a sonhar com cidadãos autônomos, que tem no trabalho uma forma de vida e não de opressão. Que contribuem à renovação cultural com suas criações expressando-se livremente. Capazes de se relacionarem com o outro e consigo mesmo de maneira respeitosa, optando por uma vida saudável no contato e na identificação com a natureza. Que têm senso de justiça. Capazes de dialogar, sendo a ética elemento integrante de seu ser como adultos.
A pergunta que devemos nos fazer enquanto pais ou profissionais frequentes no cotidiano das instituições de Educação Infantil é se têm as creches ou escolas, de modo geral, atendido as necessidades das crianças possibilitando-lhes a vivência do brincar. 
O compromisso da educação institucionalizada deve ser prioritariamente com o ser humano criança. Sabemos que esta questão é ampla e implica fatores bem mais gerais que os pedagógicos. Por outro lado, precisamos entender que pensar a problemática da educação, mesmo que recortada na importância do brincar, é pensar o mundo! Na educação das crianças está o investimento para homens e mulheres mais amorosos, conforme o parâmetro de mundo melhor que vislumbramos. Nossa reflexão e desejo influencia diretamente nesta realidade.
                                                        Susi Emerich

sábado, 3 de setembro de 2011

10 Direitos Naturais da Criança



                                                                  
1. Direito ao ócio:
Toda criança tem o direito de viver momentos de tempo não programado pelos adultos

2. Direito a sujar-se: Toda criança tem o direito de brincar com a terra, a areia, a água, a lama, as pedras.
3. Direito aos sentidos:
Toda criança tem o direito de sentir os gostos e os perfumes oferecidos pela natureza.
4. Direito ao diálogo:
Toda criança tem o direito de falar sem ser interrompida, de ser levada a sério nas suas idéias, de ter explicações para suas dúvidas e de escutar uma fala mansa, sem gritos.
5. Direito ao uso das mãos:
Toda criança tem o direito de pregar pregos, de cortar e raspar madeira, de lixar, colar, modelar o barro, amarrar barbantes e cordas, de acender o fogo.
6. Direito a um bom início:
Toda criança tem o direito de comer alimentos sãos desde o nascimento, de beber água limpa e respirar ar puro.
7. Direito à rua:
Toda criança tem o direito de brincar na rua e na praça e de andar livremente pelos caminhos, sem medo de ser atropelada por motoristas que pensam que as vias lhes pertencem.
8. Direito à natureza selvagem:
Toda criança tem o direito de construir uma cabana nos bosques, de ter um arbusto onde se esconder e árvores nas quais subir.
9. Direito ao silêncio:
 Toda criança tem o direito de escutar o rumor do vento, o canto dos pássaros, o murmúrio das águas.

10. Direito à poesia:
 Toda criança tem o direito de ver o sol nascer e se pôr e de ver as estrelas e a lua.
                                                                                                                                                                          Fonte:http://www.aliancapelainfancia.org.br/direitos_crianca.asp

Oficina de Criação do CIAH

           



                                                                             

O QUÊ?

 Vivência psicopedagógica com crianças e orientação a pais.


COMO?
     Grupos divididos por idade. Atividades lúdicas de arte e educação ambiental desenvolvidas a partir da livre expressão do brincar e do encontro com a natureza.




PRA QUÊ?
    Estimular o desenvolvimento integral da criança e prevenir dificuldades de aprendizagem de ordem social, cognitiva, emocional e motora.




    
POR QUÊ?
    Toda criança precisa estar num ambiente que lhe dê o suporte afetivo necessário à exploração, em especial da natureza; à livre expressão; à possibilidade de interação com outras crianças, tendo respeitadas as suas limitações e características de ser ainda em desenvolvimento.


ONDE?

     CIAH- Centro Integrado de Atendimento Humano (Rua Professor José Leandro,89 Centro - Magé/ TEL 3630-1720)
QUANDO?

     Encontros de duas horas, três vezes por semana.






  
     Desde a sua criação em março de 2000, idealizado pela psicóloga do CIAH Dulcimar Menezes, o projeto Oficina de Criação mantém seu compromisso em fazer deste trabalho um espaço de promoção da saúde integral da criança, tendo no afeto, o elemento regulador das ações.
      Hoje, enquanto monitora deste trabalho, usufruo de uma experiência acumulada pelo CIAH e colho os frutos de uma vivência que proporciona o aprendizado de todos os envolvidos.
     Palavras  como "encontro",  "possibilidade" e "liberdade" contextualizam a mais específica delas que é "brincar". Este trabalho representa esta garantia, este direito da criança, sem o qual não há desenvolvimento saudável. 
                    
                                                                                             

 Susi Motta Valadão Emerich (Pedagoga - Psicopedagoga Clínica)