sexta-feira, 12 de abril de 2013

Conversa entre educadores


           Não é novidade o tempo de crise que temos atravessado. E por que não dizer, crise generalizada. O planeta está em crise. O ser humano ainda está perdido de sua essência, de sua real identidade. Às vezes objeto, às vezes pedra! Quem é o homem? Quem sou eu? A propósito, o ser verdadeiramente humano já existe? E, como a educação não foge a nenhum assunto, cá estamos nós, filosofando.
           Triste seria continuar esta conversa sem antes considerarmos nossos motivos para o entusiasmo. Entusiasmo? Sim. Estamos em crise, neste lugar que é portal das grandes transformações. Sem a crise estaríamos, talvez, acompanhados da passividade, conformismo, paralisia! Mas não. Estamos perturbados, agitados, sufocados, desesperados por fazer algo. Queremos mudança. Nosso peito é invadido por um sentimento que nos faz pensar, criar, nos desafia... É o entusiasmo.
           A palavra entusiasmo vem do grego, a partir da junção de três palavras: «en», «theos» e «asm». «Theos» é Deus, «en» é um prefixo que significa dentro e «asm» designa em ação. Portanto, literalmente, entusiasmo significa Deus dentro de nós em ação. Pronto! Está explicado. E se pra você, "Deus" não é caso, corte a primeira e a última letra deste vocábulo que, pra mim, dá no mesmo. "Somos deuses"! É onde toda mudança começa, dentro de cada um de nós. Ali começa a crise e ali começa a paz.
           Como educadores que somos, enfrentamos a crise desde o plano geral do sistema educacional, ao particular de nossas escolas. Precisamos então buscar refúgio num lugar seguro para vivenciarmos cada evento desta etapa: nós mesmos. Eu sou o lugar. Você é o lugar. Seguros em nossas individualidades, mas não isolados. Indivíduos formando um todo. Um todo que se reflete em cada um. Um holograma vivo.
           Enquanto corpo, poderemos dar vazão a nosso entusiasmo de maneira que este sentimento se transmuta em mãos, pernas, braços e abraços! O resultado será percebido em ações transformadoras. Uma a uma, com a humildade de quem se permite rever valores. De quem tem em sua tarefa de educar um compromisso político, que não exclui a devida competência técnica. De quem reconhece no aluno o seu maior desafio, tendo na relação com ele a oportunidade de tornar-se uma pessoa ainda melhor. 
           O encontro professor-aluno nos trás à luz conteúdos interessantes. Por exemplo, não posso falar o que tenho vontade, tenho que me superar, agir com sabedoria. E, não poucas vezes, a sabedoria do silêncio! Não posso usufruir das ferramentas do autoritarismo, preciso aprender a administrar meu poder de liderança, com uma dose de carisma e humor, se possível. Acima de tudo, não posso desistir deste aluno, pois estaria desistindo de mim, enquanto educador. E, tendo esclarecimento, a palavra "aluno" em seu sentido etimológico, "sem luz", já não nos caberia. 
           Precisamos rever nossa visão de educandos, reconstruindo, por consequência, nossa identidade de educadores. Trabalho de cada um, a ser feito juntos, enquanto nos encontramos. Aliás, sem encontro não haverá cura. Precisamos dele para sarar os males da frieza, inércia, rigidez... Mas, isto é assunto  para uma próxima conversa. Até!  

  Susi Motta Valadão Emerich
                                                

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