Não é novidade o tempo de crise que temos atravessado.
E por que não dizer, crise generalizada. O planeta está em crise. O ser humano
ainda está perdido de sua essência, de sua real identidade. Às vezes objeto, às
vezes pedra! Quem é o homem? Quem sou eu? A propósito, o ser verdadeiramente humano
já existe? E, como a educação não foge a nenhum assunto, cá estamos nós,
filosofando.
Triste
seria continuar esta conversa sem antes considerarmos nossos motivos para o
entusiasmo. Entusiasmo? Sim. Estamos em crise, neste lugar que é portal das
grandes transformações. Sem a crise estaríamos, talvez, acompanhados da passividade,
conformismo, paralisia! Mas não. Estamos perturbados, agitados, sufocados,
desesperados por fazer algo. Queremos mudança. Nosso peito é invadido por um
sentimento que nos faz pensar, criar, nos desafia... É o entusiasmo.
A
palavra entusiasmo vem do grego, a partir da junção de três palavras: «en»,
«theos» e «asm». «Theos» é Deus, «en» é um prefixo que significa dentro e «asm»
designa em ação. Portanto, literalmente, entusiasmo significa Deus dentro de
nós em ação. Pronto! Está explicado. E se pra você, "Deus" não é
caso, corte a primeira e a última letra deste vocábulo que, pra mim, dá no
mesmo. "Somos deuses"! É onde toda mudança começa, dentro de cada um
de nós. Ali começa a crise e ali começa a paz.
Como
educadores que somos, enfrentamos a crise desde o plano geral do sistema educacional,
ao particular de nossas escolas. Precisamos então buscar refúgio num lugar
seguro para vivenciarmos cada evento desta etapa: nós mesmos. Eu sou o lugar. Você é o lugar. Seguros em nossas
individualidades, mas não isolados. Indivíduos formando um todo. Um todo que se
reflete em cada um. Um holograma vivo.
Enquanto
corpo, poderemos dar vazão a nosso entusiasmo de maneira que este sentimento se
transmuta em mãos, pernas, braços e abraços! O resultado será percebido
em ações transformadoras. Uma a uma, com a humildade de quem se permite rever
valores. De quem tem em sua tarefa de educar um compromisso político, que não
exclui a devida competência técnica. De quem reconhece no aluno o seu maior
desafio, tendo na relação com ele a oportunidade de tornar-se uma pessoa ainda
melhor.
O
encontro professor-aluno nos trás à luz conteúdos interessantes. Por exemplo, não
posso falar o que tenho vontade, tenho que me superar, agir com sabedoria. E,
não poucas vezes, a sabedoria do silêncio! Não posso usufruir das ferramentas
do autoritarismo, preciso aprender a administrar meu poder de liderança, com
uma dose de carisma e humor, se possível. Acima de tudo, não posso desistir
deste aluno, pois estaria desistindo de mim, enquanto educador. E, tendo esclarecimento, a palavra "aluno" em seu sentido etimológico, "sem luz", já não nos caberia.
Precisamos
rever nossa visão de educandos, reconstruindo, por consequência, nossa
identidade de educadores. Trabalho de cada um, a ser feito juntos, enquanto nos
encontramos. Aliás, sem encontro não haverá cura. Precisamos dele para sarar os
males da frieza, inércia, rigidez... Mas, isto é assunto para uma próxima conversa. Até!
Susi Motta Valadão Emerich
Susi Motta Valadão Emerich
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